9.6.11

PIETRO ARTISTA CINEMATICO

Deambulando pela LX Factory tinha FORÇOSAMENTE que entrar na Livraria LER DEVAGAR. Depois de dedilhar cada uma das prateleiras, a curiosidade e algo mais diria, levou-me a subir ao 2º andar. E aí conheci a Pietro Proserpio.

Há muito tempo que gostaria de ter partilhado aqui este episódio, mas as palavras teimavam em juntar-se para conseguir apresentar-vos com a merecida pompa este artista. Constrói objectos animados a partir de peças sem utilidade aparente, mas que pelas suas formas e movimentos agitam-se num mundo de fantasia, e deixamos que as suas explicações nos transportem através do Tempo.


O ter recebido um convite para estar presente na apresentação da curta-metragem:
PIETRO ARTISTA CINEMATICO
levou a fazer minhas as palavras do realizador François Manceaux. Dizem tudo aquilo que gostava de ter dito e não disse:

«Pietro Proserpio é um artista escultor cinemático: é assim que ele próprio se define.

Se a sua vida esculpiu a sua obra, hoje é a sua obra que esculpe a sua vida.

Desde a sua mais tenra infância, o seu olhar é atraído pela matéria dos objets trouvés que recolhe e aos quais dá um novo sentido, ao reencarná-los através da criação do seu universo.

Reúne a matéria orgânica numa urgência que vai ao encontro da sua necessidade de pensar e de respirar os seus sonhos.

Fundamentalmente, Pietro é um mecânico que joga entre a mecânica de outrora e as tecnologias informáticas do futuro; revisita as técnicas científicas de Leonardo da Vinci, tomando Einstein como referência na sua teoria da relatividade face à velocidade e à luz.

Madeira, metal, plástico: Pietro repensa uma hibridação sensível e romanesca da matéria, amplificando as suas potencialidades graças à anti-matéria, tal como o ar ou a água, capazes de jogar com o aço ou o titânio.

Pietro gira à volta do tempo, contorna-o, desvia-o. É «anti-tempo». Constrói os seus mecanismos para matar o tempo e, como se fosse o seu maior amor e o seu pior inimigo, desafia através dos seus objectos a passagem do tempo, contando as suas histórias que gritam, dançam, cantam e que ele orquestra como uma música serial, atonal e melodiosa.

Com os seus mecanismos, Pietro aparece-nos como uma estrela que cintila tal como um ballet esotérico, questionando a História, alinhando os desafios do mundo real com o bater do coração do seu mundo imaginário e utópico. Dedica-se em pleno a um pensamento humanista em movimento, entregue à actualidade.

Para mim, Pietro é como uma pepita na sociedade portuguesa, iluminando a alma do presente, a melancolia do passado e a nostalgia do futuro.»

François Manceaux, Abril de 2011

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